Eu tenho uma queda por filmes franceses e fico toda animada quando chega a época do Festival Varilux de Cinema Francês, porque é uma oportunidade para assistir filmes que na maioria das vezes não entram em cartaz (não me conformo com isso!).
Um dos filmes pelos quais me interessei este ano foi Intócaveis (Intouchables), comédia dramática que traz a relação de amizade entre um rico tetraplégico e seu cuidador, um jovem morador da periferia e ex presidiário. Eu não consegui tempo para assistir ao filme durante o festival e qual não foi minha surpresa quando descobri que ele tinha entrado em circuito. Muita alegria!
E lá fui eu conferir a tão comentada produção, que atualmente detém o título de filme francês mais visto no mundo (tirando o posto que pertencia ao Fabuloso Destino de Amélie Poulain), para ver se era tudo isso mesmo. E é. Eles conseguiram pegar uma história comum (batida até) e contar de uma forma que prende o espectador do início ao fim. Sem cair no sentimentalismo piegas, mas também sem fazer piadas que cruzem a linha do bom gosto o filme consegue balancear muito bem momentos mais dramáticos com outros bem engraçados.
Os atores são um capítulo à parte! Os protagonistas François Cluzet (Philippe) e Omar Sy (Driss) estão incríveis nos papéis do homem rico preso à uma cadeira de rodas em contraste com o homem forte e saudável, porém com uma vida de pobreza e passado tumultuado, respectivamente. Eles atuam com tanta naturalidade que a gente acredita mesmo que estão vivendo aquelas situações e que no decorrer do tempo se tornam grandes amigos. Imagino que Cluzet tenha precisado fazer um enorme trabalho corporal para interpretar alguém com mobilidade apenas do pescoço para cima.
Outro destaque de atuação para mim ficou por conta da atriz Anne Le Ny, que interpreta a governanta Yvonne. Sua personagem começa o filme bem quadradona, mas acaba se mostrando bem mais interessante (e humana) no decorrer da trama. Ganhou minha simpatia por completo!
Em minha opinião o grande mérito de Intocáveis é ser um filme simples. Os personagens são pessoas comuns vivendo situações difíceis, mas sem perder a capacidade de rir um pouco da própria situação, do ridículo da vida de todos nós. A trama aborda temas pesados e poderia ser um filme carregado no drama, mas opta pelo outro caminho. Não se fecha os olhos para a complexidade e dificuldade das situações (cuja mais grave é a limitação de movimentos de Philippe), mas se opta por deixar uma mensagem de que apesar de tudo é sempre possível encontrar amizade e amor. E, no final das contas, são esses sentimentos que fazem a vida valer a pena e nos dão forças para continuar, não?
Ps.: Não posso deixar de falar que o filme é uma adaptação para o cinema do livro O segundo suspiro (Le second souffle), no qual Philippe Pozzo di Borgo conta a sua própria história. Abdel Sello (o Driss) também escreveu sobre o assunto, numa obra intitulada Você mudou a minha vida (Tu as changé ma vie).
Páginas relacionadas:
www.variluxcinefrances.com (Site oficial do Festival Varilux)
www.intrinseca.com.br/site/catalogo_ficha.php?livrosID=238 (Página do livro O segundo suspiro no site da Editora Intrínseca, que o publica no Brasil)
www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=26341 (Página do livro Você mudou a minha vida no site da Editora Record, que o publica no Brasil)
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